GT6 - 765 AS MÚLTIPLAS DIMENSÕES DO PROCESSO DE DES-RE-TERRITORIALIZAÇÃO VIVENCIADO PELA COMUNIDADE DE ITAMBI (ITABORAÍ- RIO DE JANEIRO)

  • Yana dos Santos Moysés
Palavras-chave: TERRITORIALIZAÇÃO, COMUNIDADE DE ITAMBI, ITABORAÍ, RIO DE JANEIRO

Resumo

A comunidade de caranguejeiros de Itambi, localizada nos mangues da APA de Guapimirim, será transferida para um conjunto habitacional, o qual está inserido em um projeto do PAC do Município de Itaboraí, às margens da BR- 493, futura via do Arco Metropolitano.
Ao mesmo tempo, a instalação de um pólo petroquímico na região, o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (COMPERJ), certamente ocasionará futuros danos nos mangues da APA de Guapimirim, a partir das interpretações dos documentos e de entrevistas de/com gestores do IBAMA e ICMBio analisados nessa pesquisa, que possivelmente interferirão nos modos de vida e sobrevivência dessa comunidade. A comunidade passa assim por um processo de perda de seu lugar de vida, afetividade, convivência e sobrevivência.
Esse artigo analisará então as políticas públicas que atualmente impactam o território de vida da Comunidade Itambi – a saída da comunidade dos mangues e a entrada do COMPERJ do município. Em outras palavras, analisaremos a des-re-territorializaçãoi da Comunidade de Itambi, que ultrapassa a perda do território em sua dimensão material, buscando-se considerar outras racionalidades a partir das perspectivas, desejos e necessidades da população comunitária, grupo diretamente atingido pelas políticas públicas de desenvolvimento em andamento no Município de Itaboraí. Tais políticas estão focadas, ao mesmo tempo, como estratégias de proteção ambiental e como possibilidade de “desenvolvimento” associada à transformação da base técnico-produtiva da indústria moderna.
Busca-se compreender a realidade estudada à luz do conceito de território, na medida em que esse conceito servirá tanto como instrumento para interpretação e significação de uma realidade “em devir”, quanto como o próprio é componente dessa realidade. Esse é também instrumento de uso, já que intervém nessa realidade “em processo”, participando e modificando, ou seja, transformando o “real”, que ele mesmo “re-conhece” (HAESBAERT, 2008).
Nesse sentido, compreende-se aqui o território como o lugar de luta, resistência e busca por melhores condições de vida, estas entendidas como qualidade de vida, justiça social e desenvolvimento(s). Entende-se que a territorialidade possa ser potencializada como estratégica política na busca desse(s) desenvolvimento(s) com mais autonomia dos sujeitos envolvidos.

Publicado
2019-01-15
Seção
Sessões Temáticas