GT6 - 684 ALGUNS ELEMENTOS FORMADORES DA IDENTIDADE CULTURAL DO TERRIRÓRIO DO CONTESTADO
Resumo
O texto expõe alguns elementos que historicamente são relevantes na formação da identidade cultural que se lê no território onde ocorreu o conflito conhecido como Guerra do Contestado. De 1912 a 1916, ocorreu na fronteira norte do Estado de Santa Catarina (divisa com o Estado do Paraná), numa área em litígio, os fatos mais sangrentos da história desta guerra. Foram várias as causas deste conflito armado. Na mesma época e no mesmo lugar, ocorreu um movimento messiânico de grandes proporções; uma disputa pela posse de terras aliada à questão dos limites interestaduais; e, uma competição econômica pela exploração de riquezas naturais abundantes no território.
As bases do conflito sangrento se estruturaram ao redor de uma legião de fanáticos religiosos composta por agregados das fazendas dos coronéis; por ex-operários demitidos quando da conclusão da construção de uma estrada de ferro; por “sem-terras”, ex-posseiros varridos dos seus lotes; por ervateiros sem erva para colher; por dezenas de pequenos proprietários expulsos de seus pinheirais; e por gente que perdeu seu pequeno negócio.
Esta gente cabocla, fora das leis da economia agropastoril, vivia onde ocorreu o conflito do Contestado, tida como uma “terra de ninguém”, marcada pela persistência de uma velha rixa de 150 anos entre o Paraná e Santa Catarina, em que a autoridade discutia se os limites geográficos deveriam ou não ser molhados pela margem esquerda dos rios: Negro e Iguaçu.
Atualmente, o território do Contestado, é constituído por municípios de porte pequeno, localizados tanto no Paraná como em Santa Catarina. Caracteriza-se por ser um território extremamente complexo no âmbito das questões políticas, econômicas, sociais e culturais. Os fatos que marcaram a história dos seus municípios são aqueles ligados aos conflitos territoriais presentes desde o Brasil Colônia até os dias atuais. No entanto, é durante a Guerra do Contestado que o território vai se determinar tanto em suas estruturas espaciais como nas suas relações sociais e mesmo identitárias de âmbito regional.
Segundo Reffestin (1993), para compreender os territórios discutidos em questão, há a necessidade de se entender que estes só existem porque antes deles há um espaço, ao qual pertencem envoltos na complexidade de suas sociedades, natureza e cultura. Nesse sentido, Santos (1986), ressalta que o espaço é um campo de lutas e forças onde a sua evolução não ocorre de forma homogênea em todos os lugares, já que, está em constante transformação.