GT5 - 1083 A CARTOGRAFIA DO COTIDIANO COMO APROXIMAÇÃO METODOLÓGICA
Resumo
Os discursos sociais são representações parciais daquilo o que enunciam, ou seja, estão vinculados a um determinado tempo e espaço onde são (re)produzidos e são comprometidos pelos interesses particulares ou coletivos de quem os enuncia. Os discursos oficiais dos Boletins de Ocorrência, os chamados BOs1; os discursos midiáticos sobre criminalidade; e os discursos presentes em situações e interações sociais que abordam o tema da criminalidade2 contribuem para divulgar e (re)produzir o medo (imaginário ou não) em seus receptores, sejam eles leitores, ouvintes ou pesquisadores. Forma-se um ciclo onde os estereótipos de grupos sociais e de áreas da cidade tidos como criminosos ou potencialmente perigosos são reforçados. Estes discursos, também dispositivos de apreensão e de registro de informação, (des)qualificam o espaço e conduzem a uma representação simplista, reduzindo a uma única imagem, ao estereótipo, múltiplas situações. Mas como não contribuir e não fazer parte desta engrenagem? É possível falar da criminalidade sem criar estereótipos específicos para áreas da cidade e para grupos sociais?
O artigo a seguir procura apresentar uma possível aproximação metodológica a ser utilizada para alcançar estas questões e que foi adotada na pesquisa da dissertação de mestrado da autora3. As ferramentas buscam tratar a problemática da criminalidade urbana e sua relação com as formas de apropriação coletiva ou individual dos espaços públicos ou privados, numa tentativa de desconstruir ou, ao menos, não fortalecer esta lógica de (re)produção de estereótipos. Pretendemos sugerir outras formas de apreensão do espaço urbano, além dos métodos tradicionais.