GT5 - 1003 RITUAL, RIGOR E PRAGMATISMO: OS PROCEDIMENTOS DE INSTALAÇÃO DA VILA DE MONTE-MÓR O NOVO DA AMÉRICA NA CAPITANIA DO CEARÁ
Resumo
Na segunda metade do século XVIII, durante a gestão do Marquês de Pombal, o Estado português fundou seis vilas de índios na Capitania do Ceará, a partir de antigos aldeamentos indígenas. O presente texto visa apresentar as diretrizes urbanísticas para a vila índio de Monte-Mor o Novo da América e acompanhar a sua implantação através dos documentos de sua instalação, dia após dia, entre os meses de abril e maio de 1764. A escolha da vila não foi aleatória. As normas urbanísticas para a Vila de Monte-Mor o Novo da América compõem um rico quadro de determinações. Em sua grande maioria, os documentos analisados não são Cartas Régias provenientes de Lisboa. São documentos locais, devidamente assinados pelo ouvidor Victorino Soares Barbosa responsável pela fundação da vila. Agrupadas, estas fontes locais referentes à fundação da Vila de Monte-Mor o Novo da América formam um dos mais valiosos conjuntos documentais relativos ao método lusitano de projetar vilas no território brasileiro durante o século XVIII. Um extenso roteiro de instalação, explicitando detalhadamente e cotidianamente todo o ritual, o rigor e pragmatismo do modo de fazer vilas planejadas no Brasil. O espaço construído no entorno da atual matriz de Baturité, antiga Vila de Monte-Mor o Novo da América, confirma que as normativas urbanísticas foram seguidas com significativo rigor.