GT4 - 598 VOZES INSURGENTES, MÚSICA E VIDA URBANA: DIÁLOGO NA CIDADE PÓS-PARTIDA?

  • Anita Loureiro de Oliveira

Resumo

Apreender a densidade da vida urbana por meio da música é o objetivo mais geral desta reflexão que aproxima a produção teórica sobre o urbano da rica experiência da vida cotidiana sinalizada em letras e ações musicais. Trata-se de uma busca por um diálogo entre teoria e prática. Por meio do reconhecimento das apropriações e representações simbólicas do espaço e de novas formas de colaboração e organização coletiva, a música revela a existência de racionalidades alternativas que podem contribuir para a reflexão sobre a vida urbana. A proposta visa ressaltar as lutas pela co-presença e a disputa de projetos que evidenciam o encontro e o confronto dos diferentes modos de (vi)ver a cidade (OLIVEIRA, 2008).
Trata-se de buscar consolidar uma outra forma de fazer ciência, capaz de considerar a emoção presente nas falas cotidianas e a sensibilidade do artista na apreensão dos sentidos que orientam a ação do homem comum. A música nos ajuda a ouvir as vozes dos não-especialistas, que têm muitas idéias sobre a vida urbana. Idéias transformadas em músicas que revelam apropriações e representações subjetivas do território e um fazer político próprio. Formas de organização política, redes de colaboração e lutas coletivas se expressam na música e revelam movimentos da sociedade pouco refletidos pelo planejamento urbano.
O recorte espaço-temporal da análise é a cidade do Rio de Janeiro do início da década de 1990 aos dias atuais, fins de 2010. Esta escolha também decorre do fato do Rio de Janeiro apresentar elevada densidade simbólica, amplificada pelo abrigo de funções culturais relevantes e pela difusão de imagens-sínteses (Rio – capital cultural, cidade aberta, cosmopolita, cidade-cenário) que permitem o reconhecimento de sua raridade (RIBEIRO, 1991; 1995; 2006). A cidade preserva ainda hoje, na escala do país, um papel de difusora de costumes, comportamentos e hábitos sociais, mesmo sendo considerada um lugar economicamente desestabilizado que condensa agudas contradições sociais (RIBEIRO, 1995).

Publicado
2018-11-26
Seção
Sessões Temáticas