GT3 - 934 Wagner versus “La Donna è Mobile”: o Planejamento de Cidades e o Debate no Distrito Federal nos Anos de 1920 a 1950

  • Vera F. Rezende

Resumo

Nas cinco primeiras décadas do século XX é gradativamente construída uma agenda urbanística em cidades brasileiras e o Distrito Federal, a cidade do Rio de Janeiro, é um dos centros desse processo alimentado por fatores como a circulação de propostas divulgadas em livros e em revistas técnicas1 e a disposição dos governos locais e da União de promoverem reformas e contratarem projetos. A atuação do estado no campo do urbanismo se expressa principalmente na forma de melhoramentos, obtendo sucesso quando se encontram conjugados o poder de decidir sobre as intervenções e os recursos para realizá-las2.
A década de 1920, a última da República Velha, marca o início da luta por iniciativas que integrem projetos isolados, através de planos ou normas gerais. Por outro lado, as décadas de 1930 e 1940 constituem um período em que mudanças significativas se dão na sociedade brasileira nos campos político, jurídico, econômico e social, que se rebatem nas cidades brasileiras e nas suas formas de gestão.
Com o Movimento de 19303, que traz Getúlio Vargas ao poder, ascendem setores agrários não diretamente ligados à produção cafeeira ou à exportação como na República Velha, representantes das classes médias ligados ao tenentismo e representantes da burguesia industrial. Inaugura-se uma nova etapa, na definição dos rumos do capitalismo industrial no país, observando-se no plano econômico, o deslocamento do eixo da economia do pólo agro-exportador para o pólo urbano-industrial. (Saes, 1984 e 1997, Diniz,1997)
Cresce, com isso, a importância das cidades, em grande parte, resultante do processo de industrialização, impulsionado por condições políticas e institucionais. A política industrializante concorre para um projeto de um Brasil urbanizado, no qual o papel dos interventores e prefeitos nomeados é determinante na gestão de cidades.
Na década de 1930, a construção de um estado nacional, forte, capaz de enfrentar os problemas através de uma gestão organizada, faz parte das aspirações de alguns setores da intelectualidade4 brasileira. Especialmente, a partir de 1937, no Estado Novo (1937-1945), a intenção de construção de uma nova nação orienta-se para políticas educacionais, culturais, de proteção aos recursos naturais, de organização dos trabalhadores e de organização da administração pública, inclusive a municipal, caracterizadas pela centralização do poder de decisão com descentralização controlada.

Publicado
2018-11-26
Seção
Sessões Temáticas