GT2 - 467 CARAS CIDADES, CIDADES CARAS: PEQUENA CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA DA TERRA URBANA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Resumo

Muito já se escreveu e debateu sobre a crise financeira marcada pelos acontecimentos de setembro de 2008 em Wall Street. Ainda assim o tema parece não ter se esgotado nem um pouco. No momento em que escrevo este trabalho, uma das principais pautas no cenário político-econômico estadunidense é a regulação do mercado de capitais. De todas as visões em jogo, não há muitas dúvidas de que a falta de controle sobre a financeirização do mercado imobiliário esteve na origem desta crise. O ponto de maior polêmica nestes debates sobre a crise está nas causas da inflexão do preço dos imóveis, que teria ocasionado a fragilidade dos títulos deles derivados e levado muitos devedores à inadimplência. Neste sentido, compartilho aqui das interpretações que tentam associar estes efeitos à teoria das crises em Marx, numa perspectiva que destaca as conseqüências da formação de novas modalidades de capital fictício e a proeminência do crédito de consumo (Aquino & Cipolla, 2009: 07).
Quando se trata dos reflexos desta crise no Brasil, são poucas as análises rigorosas, em especial com a preocupação quanto à variação de preço dos imóveis. Se o início da crise pode ser identificado com a desaceleração do aumento do preço dos imóveis nos EUA, minha hipótese é que, dentre as conseqüências posteriores ao crash de setembro de 2008, pode-se apontar o aumento excessivo no preço dos imóveis em países como o Brasil. Este efeito não se limita ao Brasil, mas também não pode ser identificado em todos os países do mundo capitalista. Em realidade, há pouca informação sobre a variação nesses preços, até porque são poucas as pesquisas que organizam estes dados; a maioria delas é contratada para fins específicos dos próprios agentes econômicos do mercado de terras e do capital incorporador, o que dificulta pensar a questão no âmbito nacional e numa perspectiva crítica.