GT2 - 254 PERSPECTIVA SEMIÓTICA DA (DES)CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO CARIOCA: O CONJUNTO DE OBJETOS ARQUITETÔNICOS DO “PENTÁGONO DO MILÊNIO”

  • Viviani de Moraes Freitas Ribeiro

Resumo

A (des)construção do espaço carioca, no recorte temporal que se estende do ano de 1993 ao ano de 2008, período denominado ‘Era Cesar Maia’, caracteriza-se pela produção de espaços de consumo e pela busca por uma imagem competitiva para a cidade do Rio de Janeiro por meio do marketing urbano, utilizado como uma das estratégias para a inserção da cidade no chamado ‘circuito internacional de turismo’. Verificam-se nesse período:
a) mudanças nos ‘sistemas de ações’ das administrações dos prefeitos Cesar Maia (1993-1996), Luiz Paulo Conde (1997-2000), Cesar Maia (2001-2004) e Cesar Maia (2005-2008), caracterizadas pela elaboração de projetos urbanos pontuais orientados para a requalificação urbana e para a ‘mercadorização’ da cidade, da cultura e do esporte, considerados capazes de reforçar centralidades antigas e de criar novas centralidades e uma imagem competitiva para a cidade do Rio de Janeiro;
b) transformações nos ‘sistemas de objetos’ materializados por esses ‘sistemas de ações’ através da produção de equipamentos culturais e esportivos monumentais com novas tipologias arquitetônicas e urbanas pretensamente globais, considerados capazes de gerar receitas em virtude da plurifuncionalidade de seus usos; de se tornarem os novos ícones, as novas imagens-marco ou, ainda, monumentos espaço-âncoras de processos de requalificação urbana e de atraírem investidores e cidadãos-consumidores.

De acordo com Milton Santos (1996),

espaço é um conjunto indissociável de ‘sistemas de objetos’ e de ‘sistemas de ações’. [...] É formado de objetos; mas não são os objetos que determinam os objetos. É o espaço que determina os objetos: o espaço visto como um conjunto de objetos organizados e utilizados (acionados) segundo uma lógica. [...] Cada vez que se produz uma nova síntese, se cria uma nova unidade (SANTOS, 1996, p. 19 e 34).

Conforme Susana Gastal (2006) “ver o espaço como fruto de uma construção social de imagens e de imaginários significa admitir que os espaços diferem de cultura para cultura, ou seja, que estamos lidando no campo do significante e não apenas do significado”. Para essa autora, “o espaço, assim, é passível de leitura semiótica em suas práticas, discursos, jogos textuais e superfícies: o espaço é um texto. Múltiplo, objeto de construção de sentido e de leitura” (GASTAL, 2006, p. 79 e 82).
O conceito de produção do espaço escolhido refere-se à produção de objetos que articulam e organizam em suas funções específicas intercâmbios sociais. “A natureza mutante das relações sociais traz, por sua vez, mudanças na organização dos ‘sistemas de ações’ e, portanto, na eficácia da funcionalidade das formas ou, ainda, dos ‘sistemas de objetos’” (GODOY, 2004). Para Paulo Godoy (2004), “a produção do espaço é, ao mesmo tempo, construção e destruição de formas e de funções sociais dos lugares” (GODOY, 2004).

Publicado
2018-11-25
Seção
Sessões Temáticas