GT2 - 144 A URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE FLORIANÓPOLIS: O PAPEL DAS REDES HOTELEIRAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Resumo
Nas últimas duas décadas, Florianópolis tem aparecido com frequência e destaque na mídia nacional e internacional. Inúmeras são as características pelas quais a cidade – em especial sua parte insular – é propalada e até mesmo exaltada por essas mídias: belezas naturais, altos índices de qualidade de vida, segurança, crescimento urbano, desenvolvimento do setor de tecnologia, festas e eventos são alguns atributos conferidos à cidade e utilizados na sua divulgação. Nessas notícias, Florianópolis recebe títulos como Ilha da Magia, Ilha da Beleza, Ilha Prometida, Ilha da Natureza, Ilha do Turismo, Ilha de Investimentos, Ilha de Sonhos, Ilha Mulher, Ilha da Tecnologia e Ilha do Silício; e é comparada a lugares como Flórida, Cancun, Saint-Tropez e Ibiza2.
Em 2003, a cidade foi apontada pela Revista Veja como a “Flórida brasileira” por atrair grande número de aposentados com alto poder aquisitivo. Isso acontece, pois “A capital catarinense ocupa um lugar singular no imaginário da classe média brasileira. É aquela cidade tranqüila, com os serviços de grande centro urbano que preservou certo charme interiorano.” (SILVA, 2003, p. 87). Essa cidade tranquila e com qualidade de vida integra uma das várias representações socialmente construídas e atribuídas a Florianópolis. Ela é parte de um discurso responsável pela divulgação do espaço urbano, que no caso de Florianópolis, ainda é realizado com objetivos diversos e por atores, públicos e privados, que na tentativa de difundir algumas imagens da cidade, priorizam a de “paraíso turístico”, que vem se confirmando como predominante em relação às demais3.
Apesar da variedade de recortes e abordagens, pesquisas sobre a expansão do turismo em Florianópolis (ASSIS, 2000; MACHADO, 2000; SANTOS, 2005; LENZI, 2010) apresentam elementos de um processo que chamamos de “urbanização turística”, conceito desenvolvido por Patrick Mullins e utilizado em muitos estudos acerca da urbanização de cidades, especialmente as litorâneas e que se ancoram na prática – ou ao menos no discurso – da atividade turística. Do inglês tourism urbanization, a urbanização turística pode ser considerada uma urbanização baseada na venda e no consumo do prazer, favorecendo a expansão de serviços relacionados à atividade turística e ao setor terciário (MULLINS, 1991).