ST 7 O BOOM IMOBILIÁRIO REDESENHANDO A CARTOGRAFIA DA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA METRÓPOLE PAULISTANA
Letícia Moreira Sígolo
Universidade São Judas Tadeu
Resumo
Quase vinte milhões de pessoas vivem na metrópole paulistana, o que
corresponde a mais de 10% da população do país. A região é responsável por pouco menos
de 20% do PIB nacional e por cerca de 25% dos impostos recolhidos no território
brasileiro.2 Tamanha força econômica e financeira, paradoxalmente, convive com um
contingente gigantesco de moradores de favelas, respondendo por 19% dos residentes em
aglomerados subnormais no país (IBGE / Censo 2010).
A concentração territorial da classe de mais alta renda, carreando com ela os
investimentos, públicos e privados, gerou, historicamente, uma urbanização extremamente
desigual, sem isonomia na distribuição da infraestrutura, dos serviços urbanos, dos
equipamentos sociais e dos empregos. Associa-se a isto um intenso fluxo de deslocamentos
diários e um sistema público de transporte coletivo precário, resultante da histórica
negligência dos governantes e, mais do que isto, da opção declarada pela matriz rodoviarista,
calcada no transporte privado individual. Este quadro condena seus moradores a horas
intermináveis no percurso casa-trabalho, com o convívio, nada sustentável e muito menos
saudável, com um imenso volume de veículos, que corresponde a 15% da frota nacional,3
saturando suas ruas e avenidas.4