ST 7 O DÉFICIT HABITACIONAL NOS PAÍSES DEPENDENTES: ANÁLISE A PARTIR DA CATEGORIA DE SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO
Vitor Hugo Tonin
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Lino F. Bragança Peres
PGAU-Cidade Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo
Durante os anos 1980 e 1990 os movimentos pela reforma urbana lutaram por avanços
que elevassem os investimentos do Estado nas cidades e para que esses investimentos não
seguissem a lógica da valorização imobiliária, mas sim do direito à cidade. Se a vitória do
capital financeiro impediu que o primeiro objetivo fosse alcançado, o flanco da legislação
urbanística foi ocupado pelas forças populares e o Estatuto da Cidade, aprovado em 2001,
comemorado como uma das principais vitórias dos movimentos pela reforma urbana e
considerado como uma das legislações urbanísticas mais progressistas do mundo.
Acreditava-se que esses avanços na legislação urbanística garantiriam uma orientação
democrática e progressista à ação do Estado quando este voltasse a cumprir um papel
relevante no planejamento urbano e, principalmente, no acesso à moradia. Por isso não foi
pequena a perplexidade dos urbanistas e dos movimentos sociais ao perceberam que diante da
retomada do papel do Estado e do avanço do capital imobiliário as vitória do período anterior
foram extremamente insuficientes. Ermínia MARICATO (2011; 2013) é uma das
investigadoras que mais tem denunciado esta contradição, no entanto, não é a única. Os
Movimentos sociais também entraram neste debate principalmente sobre o aspecto da
moradia. No artigo “Como não fazer política urbana” (BOULOS, 2014), coordenadores do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto demonstraram que houve crescimento do déficit
habitacional mesmo depois do Programa Minha Casa Minha Vida.