ST 1 ADENSAMENTO DA COMUTAÇÃO NO ARRANJO URBANO-REGIONAL LESTE CATARINENSE
Marley Vanice Deschamps
Observatório das Metropoles (IPPUR/UFRJ)
Rosa Moura
Observatório das Metropoles (IPPUR/UFRJ)
Claudia Siebert
Universidade Regional de Blumenau
Resumo
No processo de metropolização, as configurações espaciais sempre estiveram
associadas ao modo de produção e acumulação do capital. O desenho de expansão centroperiferia,
que orientou a metropolização induzida pela indústria, cede lugar, na virada para o
século XXI, a processos mais complexos e a formas urbanas mais diversificadas.
Transformam-se as estruturas econômicas, sociais, trabalhistas, institucionais e territoriais, a
partir de uma verdadeira mutação de usos e costumes, associada à transição do regime de
acumulação para uma nova fase. A incorporação de inovações altera tanto os produtos como
a produção em si, as formas de organização das empresas, as relações de produção e os
fatores de localização, fazendo crescer o peso do capital intangível em relação ao fixo, dos
fluxos em relação aos fixos, antes dominantes (De Mattos, 2014; Lencioni, 2006; Santos,
1999).
Para Lencioni (2011), as características principais que sintetizam o que chama de
“metamorfose” da metropolização do espaço referem-se a que as metrópoles e suas
aglomerações passam a conformar regiões de grande escala territorial, com limites
extremamente dinâmicos e difusos, que expressam ao mesmo tempo uma nítida e intensa fragmentação territorial e uma transparente segregação social. Redefinem-se as hierarquias e a
rede de relações entre cidades, enquanto emerge um expressivo número de cidades
conurbadas com polinucleação intensa e múltipla rede de fluxos, e se intensifica a comutação
entre algumas cidades da região, consagrando uma expressiva estrutura regional em rede. A
percepção desse processo se traduz em uma pluralidade de denominações alusivas à
aglomeração metropolitana ou à configuração mais expressiva dessa fase da metropolização,
os arranjos espaciais – considerados as novas formas e os novos conteúdos da cidade e da
aglomeração, nos processos de reconfiguração territorial (De Mattos, 2014). Entre
correspondências que se encontram no debate internacional e nacional, destacam-se as noções
de megacidades, hipercidades, megalópoles, cidade-região, megarregião, metápoles,
macrometrópole, pós-metrópole ou exópole, entre outras. Lencioni (2011) destaca o fato de
que todas, de alguma forma, incorporam os vocábulos “cidade” ou “polis”, reafirmando na
metrópole em transição esses sentidos, descartando, portanto, ideias relativas ao sentido de
anti-cidade. Brenner (2013, p.16) acrescenta: “Of course, there have been many terms on offer
for labeling the city-like unit in question — metropolis, conurbation, city-region, metropolitan
area, megalopolis, megapolitan zone, and so forth — and these appropriately reflect the
changing boundaries, morphologies and scales of human settlement patterns.”