ST 2 RIO DE JANEIRO: CIDADE-NEGÓCIO

  • Leonardo Izoton Braga Universidade Federal Fluminense

Resumo

O Rio de Janeiro foi sede da Copa do Mundo Fifa 2014 e sediará as Olimpíadas de 2016. Desde o início de sua nomeação como palco oficial destes megaeventos internacionais, a metrópole carioca vem passando por um intenso processo de remodelação e adequação, para receber estes espetáculos da agenda global, que geram sucessivos e intensos impactos sobre a vida urbana. Ao mesmo que os eventos recrutavam pessoas diante de comoção e engajamento, se iniciava um violento processo de metamorfose das ambiências e sociabilidades no tecido da urbe, destruindo locais, desabrigando famílias e provocando a elitização dos espaços. Perante esta situação, faz-se necessário traçar uma breve aproximação crítica das transformações citadinas, que dizem respeito aos modelos de cidade capitalista que vem se construindo ao longo dos séculos até a contemporaneidade. Para isso, será tecido um breve paralelo entre a atual gestão e reformas cariocas, em confronto com a grande reforma do Rio de Janeiro no início do século XX e as reconfigurações urbanas de Paris, capital francesa, no século XIX, problematizando a importação dos modelos de cidade, dentro de uma conjuntura que será tratada como cidade-negócio. Entende-se como cidade-negócio a radicalização da cidade capitalista, que transforma a forma urbana e seus cidadãos em produtos a serem comercializados no mercado internacional, amparados pela implantação e repetição de modelos autoritários, excludentes e de vigilância, acabando por se tornar o caminho de perpetuação e fortalecimento do planejamento pautado nos interesses econômicos em detrimento das demandas sociais.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas