José Caléia Castro
UNIVAP - Universidade do Vale do Paraíba
PEDRO RIBEIRO MOREIRA NETO
UNIVAP - Universidade do Vale do Paraíba
Resumo
A ocupação de territórios africanos estiveram presentes na política de expansão de
Portugal desde seu interesse, manifestado ainda no século XV, em estabelecer feitorias no
caminho das Índias. Neste quadro, Angola se destaca por ter sido, por cerca de quinhentos
anos, uma das mais prósperas colônias lusitanas. No entanto, esta situação começou a se
alterar a partir de 1961 quando tomam força as guerras de libertação nacional.
Naquela época disputavam a liderança pela libertação do regime colonial três
principais movimentos de resistência nacional: o Movimento Popular de Libertação de
Angola - MPLA, a Frente Nacional de Libertação de Angola - FNLA e ainda a União
Nacional para a Independência Total de Angola - UNITA. Coube, enfim, ao MPLA, dirigido
por António Agostinho Neto, a conquista da capital, Luanda, em 11 de novembro de 1975,
formalizando assim a independência do país, com o nome de República Popular de Angola.
Quase simultaneamente mas, separadamente, as outras duas organizações também declaram a
independência em outras regiões do país. Sob o nome de República Popular e Democrática de
Angola a FNLA de Holden Roberto faz sua proclamação no Ambriz, cidade e porto litorâneo
ao norte de Luanda, enquanto em Huambo, em pleno interior, é a vez de Jonas Savimbi
completar a ação libertadora pela UNITA. Agora, não mais se guerreava pela libertação de
Angola dos portugueses mas, acirravam-se em todos os recônditos os combates pelo controle
político e ideológico do país dos angolanos. Neste texto, os conflitos militares de libertação
colonial e as guerras civis serão referidos numa abordagem multitemporal, de modo a facilitar
a compreenção das principais fases da guerra e suas correspondentes movimentações populacionais que a partir dos conflitos passaram a influenciar profundamente a configuração
socioespacial do país.