ST 2 PLANEJAMENTO URBANO ENQUANTO CAMPO DE DISPUTA DE PODER. O CASO DO PDDU DE SALVADOR.
Thaís de Miranda Rebouças
UFBA
Resumo
Nos seus estudos sobre o sujeito e o poder, Foucault afirma que os mecanismos
de poder estão presentes em todas as relações humanas, o que significa dizer que não se pode
pensar as relações sociais nem a ação do homem em sociedade isentas de mecanismos e
procedimentos de poder. E esses mesmos mecanismos e procedimentos são criados e
atualizados tendo em vista justamente a manutenção do exercício de poder sob o controle de
quem o exerce (2008). Faz a ressalva, com destaque, de que poder não é sujeito nem coisa
que se possua e, portanto, não se pode falar em “dono” do poder. Poder é ação, é, na
verdade, um conjunto de ações que se desenvolvem sobre ações possíveis; é uma “maneira
de agir sobre sujeitos ativos” (FOUCAULT, 1995, p. 243).
Por conseguinte, podemos concluir que as relações da vida urbana são
igualmente entremeadas e determinadas por relações de poder, ou seja, pela criação de
mecanismos e procedimentos que visam a assegurar a manutenção do exercício do poder de
uns sobre a ação de outros. Essas relações são visivelmente observadas no território, que,
como afirma Souza, “é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a partir de
relações de poder” (1995, p. 78). E são exatamente as ações de determinados atores sobre
outros que estabelecem os limites e características de um território, limites esses flexíveis e
mutáveis tanto quanto as relações nele estabelecidas.