ST 6 PROJETO POR CENÁRIOS: UMA NARRATIVA DA DIFERENÇA
Paulo Edison Belo Reyes
PROPUR-UFRGS
Resumo
O projeto urbano é uma ação de intervenção sobre uma determinada realidade.
Talvez, mas não devemos “naturalizar” essa questão. Ou seja, há diferentes níveis de
intervenção e nem toda intervenção é total e corretiva.
Pensemos pela perspectiva corretiva. O projeto visto como uma intervenção desse
tipo considera que a realidade não corresponde a uma determinada expectativa e desempenho
e submete a realidade a um processo de correção. Essa abordagem recobre alguns problemas
de fundo, mas, pelo menos dois podem ser aqui enunciados: um discurso metafórico explícito
e um discurso ideológico implícito.
O primeiro – o discurso explícito – é o fato da palavra intervenção remeter,
metaforicamente, ao discurso das ciências médicas ou da biologia do corpo-organismo.
Expressões como: organismo vivo para descrever a dinâmica da cidade; artérias para suas vias
de passagem; coração para a área central; tecido ou morfologia para descrever suas formas;
dentre outras, são todas pensadas como um corpo-organismo. Essa noção de corpo-organismo
implica uma leitura funcional da cidade, isto é, a cidade passa a ser vista como algo que deve
funcionar. E se tal objetivo não se realiza, é “natural” que se faça um bom diagnóstico para
identificar as possíveis falhas do organismo-cidade e explicitar quais doenças impedem o seu
“bom funcionamento”. O aspecto funcional também está diretamente relacionado à eficiência
e ambos comprometidos com um paradigma técnico-científico.