GT10 - 1053 REDES URBANAS E MUNDIALIZAÇÃO FINANCEIRA: ATORES, NORMAS E FINANCEIRIZAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Resumo
O tema das finanças, em sua relação com o espaço geográfico, vem chamando a atenção dos geógrafos desde ao menos a década de 1950. Foi em 1955 que Jean Labasse publicou obra seminal sobre o assunto, intitulada Les Capitaux et la région. Etude géographique. Essai sur le commerce et la circulation des capitaux dans la région lyonnaise. O livro se torna uma referência para os estudos geográficos das finanças, mas também para a geografia urbana francesa. Junto com as obras de Pierre George (1952), Michel Rochefort (1960) e Raymond Dugrand (1963), o livro de Labasse vai introduzir em definitivo o conceito de “rede urbana” nos estudos geográficos, e permite um “salto epistemológico” na geografia humana francesa, como reconheceu o próprio Max Sorre (SORRE, 1955). Labasse mostra em sua obra que nas redes urbanas “a circulação de capitais se organiza num sentido único, em detrimento das províncias e em favor das metrópoles, em um movimento aparentemente irreversível” (LABASSE, 1955, p.26).
Além de ter aprimorado sua análise sobre o fenômeno das finanças em seu L’Espace Financier (1974), Jean Labasse foi sucedido por uma série de discussões na Europa e nos Estados Unidos, que procuraram estabelecer os parâmetros teóricos para o entendimento do atual “capitalismo com ênfase nas finanças”, como qualificou François Chesnais (1988).
O presente texto por objetivo principal estabelecer alguns parâmetros (sobretudo teóricos, mas também empíricos) para a análise do fenômeno financeiro, em sua relação com a rede urbana mundial e a rede urbana brasileira. Para alcançar este objetivo, pareceu-nos interessante identificar quais são os principais atores (sobretudo as instituições financeiras, globais e nacionais), e a partir desta identificação, definir ainda: quais os principais sistemas técnicos por elas utilizados, e as localizações preferenciais destas atividades financeiras (no mundo e no território brasileiro). Esta proposta metodológica, de definição dos “atores”, “normas” e “objetos técnicos” ligados aos circuitos financeiros procura também operacionalizar alguns dos conceitos e propostas teóricas do geógrafo Milton Santos (1994, 1996).