GT10 - 404 TECENDO REDES: A UTILIZAÇÃO DE CONCEITOS E FERRAMENTAS DE ANÁLISES DE REDES SOCIAIS PARA OS ESTUDOS DE REDES INTRAMETROPOLITANAS DE MIGRAÇÃO. A REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS COMO ESTUDO DE CASO
Resumo
O Brasil tem vivenciado um rápido e intenso processo de urbanização nos últimos anos. Os dados mais recentes divulgados pelo IBGE corroboram tal afirmação; em 2000, 81,25% da população brasileira residia em áreas urbanas, já em 2010 essa taxa se incrementa ainda mais, passando para 84,35% do total da população, ou seja, mesmo apresentando taxas de crescimento menores do que as de décadas anteriores, o processo de urbanização brasileiro de forma alguma está cristalizado.
Dado este contexto, ao presente estudo interessa observar a complexificação da rede urbana brasileira a partir da expansão das regiões metropolitanas face seus movimentos migratórios internos. Tal esforço visa subsidiar a verificação dos espaços de circulação na Região Metropolitana de Campinas (RMC) a partir de uma ferramenta específica – análise de redes sociais (ARS) – e nesse sentido busca entender quais relações se estabelecem entre os municípios desta rede e as características gerais da mesma.
É importante destacar que para o caso brasileiro o processo de redistribuição da população no espaço tem forte relação com o avanço da urbanização e também com o desenvolvimento econômico pautado, principalmente, pela industrialização. São Paulo foi o Estado que concentrou, no decorrer do século XX, grande parte das atividades econômicas, tornando-se destino de diversos e importantes contingentes populacionais (essencialmente fluxos rural-urbano de longas distâncias). Esse cenário se altera a partir dos anos 1980, momento de inflexão dos movimentos migratórios, em que se verifica uma série de mudanças em suas características1. Este período é marcado pela desconcentração econômica a partir da Região Metropolitana de São Paulo e pela emergência de modalidades migratórias distintas (PACHECO; PATARRA, 1997).
Baeninger (1994) atribui à intensificação da urbanização de algumas das regiões do interior paulista ao acirramento de algumas modalidades migratórias. Nesse sentido, “[...] a diversificação de atividades e do consumo urbano, contribuiu para uma certa continuidade do dinamismo regional [...]” (BAENINGER; CUNHA, 1996, p. 102).
Vincular a urbanização e os processos dela decorrentes a uma possibilidade explicativa para os processos migratórios recentes pode ampliar a capacidade analítica destes últimos. Isso porque algumas das principais referências para os estudos feitos nesta área ao longo do tempo advertem sobre a regularidade dos fluxos com base nas alterações do sistema produtivo, circunscrevendo os movimentos a contextos específicos. Assim, as “inter-relações entre os sistemas urbanos, a rede de cidades, as cidades e seu entorno e os fenômenos sociais” (BAENINGER, 1994, p. 490) constituem-se, como importantes elementos para se pensar nos processos de estruturação do espaço urbano face aos deslocamentos populacionais.