GT9 - 1208 REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA E DINÂMICA DO MERCADO DE TRABALHO DOS GRANDES ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS NA DÉCADA DE 1990

  • Marconi Gomes da Silva UFRN
Palavras-chave: Reestruturação econômica, dinâmica do mercado, grandes espaços urbanos

Resumo

O processo de reestruturação na economia brasileira no período recente data do final dos anos setenta do século XX e início dos anos oitenta, em resposta tanto à crise que se iniciava, bem como às pressões do novo sindicalismo que emergia no mesmo período em luta por maior participação tanto internamente às empresas quanto em várias outras esferas da vida social (DRUCK, 1999; SILVA, 2005). É importante ressaltar que o processo de reestruturação encontrava-se ainda restrito principalmente aos segmentos mais avançados da indústria sediada no Brasil, como era o caso da indústria automobilística.
Os círculos de controle de qualidade (CCQ’s) constituíram-se no instrumento básico da reestruturação então ocorrida. Alguns autores que abordam o tema da reestruturação produtiva no Brasil destacam o forte teor político dos CCQ’s pelo fato de haverem se tornado em instrumentos para promoção do enfraquecimento do sindicalismo em ascensão, enquanto era utilizada uma construção retórica da gestão empresarial consensual ou com a participação do operariado (LEITE, 2003).
Um segundo momento do processo de reestruturação ocorreu em meados dos anos 1980 e prosseguiu até o início da década seguinte. Neste novo momento, ocorreram a introdução de tecnologias de base microeletrônicas (ITM’s), bem como novas formas de gestão do trabalho. Esse período marcou a tentativa da indústria automobilística instalada no Brasil de produzir o chamado “carro mundial” com vistas ao acesso ao mercado mundial, uma vez que a economia brasileira enfrentava uma profunda crise (TAUILE, 1986; CARVALHO, 1987).
Além da incorporação de tecnologias baseadas na microeletrônica, como as máquinas-ferramentas de controle numérico e os sistemas de desenho e manufatura acompanhados por computador (CAD/CAM), foram também adotadas mudanças organizacionais que haviam sido adotadas alhures, em particular no Japão, tais como o just-in-time, a produção em célula e o aprofundamento do controle de qualidade. Na verdade, a transposição de modelos sempre foi difícil. Não seria diferente com as tentativas de implantação de técnicas originárias do Japão em ambiente brasileiro, principalmente considerando-se a tradição de autoritarismo nas relações de trabalho no Brasil (LEITE, 1994; DRUCK, 1999).

Biografia do Autor

Marconi Gomes da Silva, UFRN

Professor do Departamento de Economia da UFRN

Publicado
2019-02-01
Seção
Sessões Temáticas