GT 9 - 1150 A REDE URBANA E OS GRANDES INVESTIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO ONTEM E HOJE: PISTAS PARA REFLEXÃO
Resumo
Na década de 70, dentro da linha desenvolvimentista de descentralização da produção da ditadura militar, grandes investimentos modificaram profundamente a estrutura sócio econômica e territorial do estado do Espírito Santo.
Os então chamados grandes projetos industriais (Companhia Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica de Tubarão, Aracruz Celulose, Samarco Mineração) localizados predominantemente no litoral e notadamente na capital Vitória, imprimiram desde o início de sua efetivação e ao longo do tempo, um caráter de forte concentração da maioria da riqueza gerada no estado num pequeno ponto de seu território, a região metropolitana da Grande Vitória.
Além disso, a mudança da localização dos empregos fez surgir novos eixos e gerou a transformação da ocupação do território de modo a produzir o espraiamento da ocupação urbana com acentuadas discrepâncias em seu interior, sobretudo geradas pela pressão sobre as áreas ambientalmente frágeis, única opção de moradia dos menos favorecidos. Atualmente, o estado vive a eminência de chegada de um segundo boom de investimentos proporcionalmente tão vultosos quanto os anteriores, ligados principalmente à produção e exportação de commodities, da mesma forma que no primeiro ciclo.
Na esteira desses investimentos, as transformações advindas das atividades industriais podem ter impactos significativos no desenvolvimento futuro das cidades, haja vista o ocorrido na Região Metropolitana da Grande Vitória em décadas anteriores.
O que se percebe é que muitas vezes o planejamento/ordenamento do território não consegue acompanhar a dinâmica de crescimento das cidades necessitando investimentos públicos a posteriori em saneamento e urbanização de áreas ocupadas, com enormes perdas ambientais e paisagísticas.
Este documento pretende traçar paralelos entre os pontos convergentes (novos grandes investimentos de base industrial-portuária) e os pontos divergentes (questões ligadas à sustentabilidade e gestão democrática do planejamento urbano local) nos dois períodos de análise, lançando pistas de investigação quanto à questão urbana. Entre o exemplo do passado recente, e as mudanças esperadas, algumas questões se levantam: Hoje os grandes investimentos são capazes de formar uma nova metrópole, ou apenas uma expansão da RMGV em direção ao litoral sul? Os municípios do sul do estado estão preparados para absorver as demandas urbanas advindas desses novos investimentos?